Hoje vamos falar sobre “otoplastia”, a 5a cirurgia plástica mais realizada no Brasil, muitíssimo procurada por crianças, adolescentes e adultos, tanto homens quanto mulheres. Uma curiosidade: no Brasil, a cirurgia de “orelha em abano” é 6 vezes mais realizada que nos Estados Unidos, país número um em cirurgias plásticas de todo o globo.
O pavilhão auricular apresenta superfície irregular com acidentes anatômicos característicos, que configuram a hélice, a antélice, a concha, a escafa, o trago, o antitrago e o lóbulo. Deve medir 33% do tamanho do crânio, ou seja, um terço de seu comprimento, e deve fazer um angulo de 32 graus em relação ele, o que seria cerca de 2 cm distante do mesmo. A “orelha em abano” então, nada mais é que a abertura exagerada do pavilhão auricular em relação ao crânio. Trata-se da deformidade mais comum da orelha e acomete cerca de 5% da população.
A causa é qualquer tipo de alteração no desenvolvimento embrionário do pavilhão auricular ainda no útero materno, que leve ao aumento de tamanho da concha ou à projeção mais anterior do pavilhão auricular. Uma combinação desses em maior ou menor grau também é possível. A ocorrência familiar é comum, obedecendo a um caráter genético, em que vários membros da família são acometidos.
Aos 7 anos de idade, a orelha já atingiu 95% do seu tamanho. Nessa fase da vida, o crânio ainda não se desenvolveu completamente e existe certo exagero no tamanho das orelhas em relação ao tamanho da cabeça. Talvez por isso, o incomodo social seja maior nessa idade. É importante lembrar que comparando com outras deformidades do pavilhão auricular, o “abano” causa enorme desconforto ao portador, sendo causa de brincadeiras e apelidos que podem levam a diminuição da auto-estima e introspecção da criança justamente em uma fase importante, de interação social na escola. Existem ainda casos severos de “bullying” e este é um dos motivos pelos quais a queixa da criança ou mesmo os sinais de isolamento social não devem ser menosprezados pelos pais.
A cirurgia plástica corretiva/ estética ou otoplastia visa corrigir as orelhas proeminentes (de abano) minimizando os estigmas decorrentes dela bem como o desconforto psicológico causado por essa condição. Deve ser feita preferencialmente a partir dos 7 anos, podendo ser antecipada para os 6 ou até 5 anos caso o defeito for muito evidente.
A cirurgia é realizada geralmente sob anestesia local. A incisão é feita na dobra natural presente atrás da orelha. Através deste corte, o cirurgião terá acesso a todo o pavilhão auricular e poderá reduzir, moldar ou realizar dobras naturais nas cartilagens de modo a adequá-la melhor ao padrão estético.
A aproximação do pavilhão auricular ao crânio deve ser natural, sem exageros, para se evitar o aspecto “colado”. Manobras para enfraquecer as cartilagens e facilitar sua modelagem são freqüentemente empregadas, tendo-se sempre o cuidado de se evitar produzir dobras muito evidentes ou artificiais.
Finalmente, muitos adultos que buscam a otoplastia, carregam consigo uma historia de sofrimento e marcas em sua personalidade decorrentes da inadequação a que foram submetidos por serem portadores do “abano”. E muitos me dizem aliviados na ocasião da retirada de pontos: “Se eu soubesse que era assim, teria operado há muito tempo”. Trata-se de uma cirurgia que leva a um conforto e a uma “adequação estética” impressionantes, em relação à “simplicidade” da técnica, respeitando-se claro, regras cirúrgicas bem estabelecidas.