Suplementação na gravidez – Dra. Patrícia Leite – Cirurgia Plástica e Estética

Suplementação na gravidez

Uma das experiências mais intrigantes da minha vida
22 de abril de 2016
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Suplementação na gravidez

 

Desde o momento da concepção, quando duas células se fundem, o embrião humano embarca numa incrível jornada de desenvolvimento. De uma única célula, o embrião se transformará em trilhões de células organizadas em uma complexa forma que é o corpo humano. Durante sua estadia no útero, a mãe proverá abrigo, comida, água e oxigênio. Justamente nesse período, as escolhas maternas, paternas e muitas vezes familiares, afetarão a vida desse novo ser em curto, médio e longo prazo. Um momento de rápida construção que requer suprimentos adequados, em quantidades ideais.

Nas semanas em que durar o período gestacional e nos primeiros meses de vida do bebê, deve-se evitar qualquer possibilidade de carência, fornecendo nutrientes para um contínuo desenvolvimento do feto e para a saúde da mãe.

Nesse período de tantas mudanças, cada fase requer uma atenção especial dos pais e dos profissionais de saúde, cercando-se de cuidados e informação para otimizar os resultados presentes e futuros, utilizando nutrientes específicos, focados em qualidades estruturais das partes, construindo assim um ambiente rico para o organismo como um todo, e preparando-o para uma vida onde as adversidades se apresentarão de maneira complexa. Faz-se uso da janela de oportunidades que a ciência vem desvendando, através do uso de suplementos, para vantagem e benefício de todos – aqui, em especial, da mãe e do bebê.

Muitos dos nutrientes apresentados, como o ferro, iodo e ácido fólico, são há mais tempo estudados ou popularmente conhecidos, mas existem outros que a ciência vem analisando e evidenciando benefícios expressivos. O que a ciência comprovou nas últimas décadas sobre o papel preventivo e maximizador da suplementação, durante (e após) a gestação estará nas próximas linhas desse artigo. O objetivo é relatar que o uso de alguns suplementos pode gerar um resultado final diferente, não só prevenindo doenças, mas também otimizando o funcionamento do organismo da futura criança. É a possibilidade de oferecer mais saúde para o filho, antes mesmo de seu nascimento.

Sendo um conteúdo de atualização científica e não um guia de prescrição, é importante salientarmos que nada substitui um profissional de saúde e uma dieta e estilo de vida saudáveis. O uso de qualquer substância – aqui no caso, suplementos – deve ser discutido e seguido conforme orientação do médico e nutricionista que acompanham a gestante ou nutriz.

 

Por que suplementar a gestante?

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A gestante de hoje não recebe a mesma quantidade de minerais em comparação com uma gestante que vivia 30 ou 90 anos atrás. Em 1927, pesquisadores de King’s College, da Universidade de Londres, come­çaram a coletar dados sobre o teor de nutrientes dos alimentos (27 variedades de vegetais e 17 de frutas, 10 cortes de carne, e alguns queijos e leites). Suas análises foram repetidas em intervalos regulares desde então, dando-nos uma imagem única de como a composição da nossa alimentação mudou ao longo do século passado: os alimentos perderam de 20 a 60% dos seus nutrientes.

Essa perda de nutrientes é observada sob vários ângulos. E, mesmo que as necessidades diárias reco­mendadas (NDR) apresentem-se de forma conser­vadora – e muitas esperando por uma revisão com urgência frente às conclusões de várias pesquisas modernas –, estudos vêm indicando uma carência nutricional, entre gestantes, de vitaminas e minerais essenciais, como o magnésio, folato, vitamina E, D, ou mesmo gorduras benéficas como o DHA.

O DHA – um dos ácidos graxos poli-insaturados presentes no ômega-3 – é um componente funda­mental da membrana celular do cérebro e da bainha de mielina em torno de cada nervo. Ele é transferido a taxas altíssimas da mãe para o feto e essa distribui­ção é crucial para uma ótima saúde cerebral, ocular, imunidade e desenvolvimento do sistema nervoso. Por ser um nutriente de alta demanda do feto, a mãe pode apresentar carência trazendo consequências como a depressão pós-parto.

Um estudo canadense, publicado em Applied Physio­logy, Nutrition, and Metabolism, e conduzido por Cathrine Field, que comparou a ingestão dietética de 600 mulheres grávidas e lactantes (grupo partici­pante do estudo APrON), descobriu que apenas 27% das mulheres grávidas e apenas 25% das lactantes atendiam à dose de 200mg de DHA/dia.

A idade média das participantes foi de 31,6 anos e elas eram em sua maioria casadas, com boa renda familiar, e possuíam formação universitária. Aproxi­madamente 1/3 delas tomavam um suplemento de ômega-3 (DHA), sendo estas as que se aproximaram mais da ingestão ideal. Quase 3/4 das mulheres no estudo não estavam recebendo suficiente ômega-3 durante a gravidez e lactação, e quase 90% das mulheres que confiavam na dieta por si só não esta­vam recebendo suficiente DHA.

Segundo a conclusão do estudo, com o uso da suple­mentação de ômega-3 ocorreu melhora significante da ingestão do DHA necessário para a saúde do bebê e da mãe.

 

Ômega-3 na construção do cérebro

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O cérebro humano é composto por quase 60% de gordura. Importante para a formação da membrana externa das células cerebrais, ela permite uma troca rápida e mais eficaz de ‘mensagens’ entre as células nervosas. No momento de maior desenvolvimento da massa estrutural do cérebro do bebê – durante o 2° trimestre e, principalmente, 3° trimestre gestacional, estendendo-se para a lactação – a ingestão de ótimas quantidades de ômega-3 pela mãe pode repercutir posi­tivamente durante muitos anos na vida do seu filho.

O ômega-3 engloba os ácidos graxos poli-insatura­dos (PUFAs): α-linolênico (ALA), eicosapentaenoico (EPA), docosapentaenoico (DPA) e docosahexaenoico (DHA) – os 3 últimos referidos como sendo de cadeia longa (n-3 LCPUFAs). Esses ácidos graxos essenciais – não produzidos pelo organismo, devendo ser obtidos através de fontes dietéticas –, são os componentes estruturais do sistema nervoso central e seu papel no aprendizado, habilidades e memória já foram bem documentados.

Um estudo publicado em Pediatrics concluiu que a ingestão materna de ácidos graxos de cadeia longa ômega-3, durante a gestação e lactação, mostrou aumento no QI (quociente de inteligência) das crian­ças aos 4 anos de idade.

Recentemente, pesquisadores da Faculdade de Medi­cina da Universidade de Tohoku, Japão, ao estuda­rem a correlação entre o consumo de óleo de peixe durante a gestação e a saúde do cérebro de filhotes de camundongos, descobriram que na ocorrência do desequilíbrio entre os níveis de ômega 3 e 6, a conse­quência é um envelhecimento prematuro das células neurais do feto – responsáveis pela produção de células cerebrais. Também observaram níveis altos de ansiedade, mesmo depois quando criados com dietas ricas nutricionalmente. Como a dieta ociden­tal é majoritariamente rica em ômega-6 (alimen­tos processados com o uso de óleo de soja, entre outros), os pesquisadores reafirmam a recomenda­ção de consumo de óleo de peixe durante a gestação para o bem da saúde da criança.

Os estudos apontando resultados enaltecedores do ômega-3 para a saúde nos períodos pré, durante e pós-gestacional são muitos e impressionam, abor­dando, inclusive, uma influência futura na vida da criança.

Benefícios comprovados do uso de Ômega-3 na gestação

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Crianças de mães suplementadas com ômega-3 apresentam melhor processamento mental, aprendizado, memória, desenvolvimento psicomotor e coordenação mãos-olhos, bem como prevenção do déficit de atenção.

Efeito positivo na visão da criança. O DHA é uma das principais gorduras estruturais na retina do olho, sendo responsável por até 60% do total de ácidos graxos poli-insaturados (PUFAs).

Níveis adequados de DHA na dieta parecem ser cruciais para a construção da resiliência neuronal de longo prazo para um ótimo desempenho cerebral, e ajudam na batalha contra doenças neurológicas.

Melhor saúde gestacional e no parto, melhor crescimento e desenvolvimento dos bebês, maior adaptação ao estresse durante a gestação e prevenção de depressão perinatal.

Devido à contaminação dos mares, para evitar a presença de mercúrio e outras toxinas no organismo, ao se alimentar de peixes, escolha os de menor porte e vida curta, ou, ao comprar o seu suplemento de ômega-3, procure um que apresente certificação de pureza.

 

Probióticos: efeitos positivos de longa duração

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De acordo com a ciência moderna, a saúde do intestino é de onde se origina quase 70% do sistema imune. Edições anteriores da Revista Essentia já abordaram, através de diversas literaturas, a importância dos probióticos não apenas para o trato digestivo, mas também no equilíbrio do sistema imune, e a inter-relação da saúde intestinal com a saúde geral física e psíquica.

Os probióticos são microrganismos vivos (lactobacillus) que podem afetar positivamente a saúde. Uma absorção eficaz de nutrientes, vitaminas e minerais de alimentos e suplementos depende de uma boa digestão e uma boa distribuição de bactérias benéficas nos intestinos. Alimentos como iogurte, keffir, bebidas fermentadas e suplementos probióticos aumentam o crescimento e diversidade de microrganismos saudáveis no corpo.

Nas gestantes, os probióticos auxiliam no controle do excesso de peso, diminuem os riscos de parto prematuro, além de diabetes gestacional82 e infecção urinária, que são muito comuns nesta fase da vida da mulher.

Durante a gestação, quer seja pelas alterações hormonais ou pelas alterações mecânicas no abdômen, a mulher tende a uma diminuição do funcionamento do intestino, gerando constipação. Também ocorre uma maior retenção de líquidos, o que torna as fezes mais secas, dificultando sua passagem pelo intestino. Daí também a importância de uma alimentação rica em fibras e/ou a suplementação com probióticos, e boa ingestão de água.

Um grande aliado dos probióticos – e das gestantes – é o consumo de prebióticos (fibras), que funcionam como alimentos para estes microrganismos, além de diminuir a absorção de gorduras pelo intestino, melhorando os níveis de colesterol no sangue, atuando no controle da glicemia em pacientes com diabetes, auxiliando na redução do peso corporal, fortificando o sistema imunológico e intensificando a absorção de minerais.

O bebê também se beneficia da ingestão desses microrganismos. Uma colonização bacteriana positiva auxilia em processos alérgicos e no amadurecimento do sistema imune, impedindo uma série de doenças. Uma em cada 5 crianças sofre de dermatite atópica, e algumas revisões sistemáticas de estudos e meta-análise (Jama Dermato¬logy/2013; Allergy/2015; Journal of Derma¬tological Treatment/2015) concluíram que os probióticos podem limitar a ocorrência ou sua severidade, produzindo proteção de longa duração.

 

O parto

Vitaminas-para-crianças-suplementação-vitamínicaO parto normal é muito importante para os bebês por possuírem um intestino estéril ao nascer. Ao passar pelo canal do parto, e durante a amamentação, ocorre uma transferência das bactérias da mãe para o bebê. Quanto mais a mãe possuir estirpes variadas de bactérias saudáveis, mais imunidade e saúde o bebê terá. No caso do Brasil, onde o índice de cesáreas é muito alto, a suplementação de probióticos para bebês nascidos sob esta técnica é extremamente recomendável, pois também há o benefício da redução das cólicas do recém-nascido.

Vale notar que os suplementos de probióticos se diferenciam em potência e ingredientes, dependendo de quem os fabrica e, conforme intenção de uso, o profissional de saúde pode personalizar as cepas e doses necessárias para cada paciente.

Mutivitamínicos

Pré-natal

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Enquanto uma severa deficiência possa não ser o problema mais incidente, uma deficiência ‘marginal’ pode acontecer com mais frequência do que o desejável, e, inclusive no caso de gestantes que usam suplementos pré-natais prontos. Mas… como assim?

No Brasil, um multivitamínico pode ser classificado e fiscalizado pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como um alimento ou medicação. Infelizmente, ainda não existe uma categoria específica para os multivitamínicos, e, mesmo que as regras possam ser rígidas, as legislações pertinentes aos alimentos e medicações são diferentes, criando assim impasses na produção de suplementos vitamínicos. Todas as empresas ao produzirem um multivitamínico pré-natal ou não, devem seguir os valores máximos de vitaminas e minerais da IDR (Ingestão Diária Recomendada), que é definida pela ANVISA – conforme a legislação seguida, dos alimentos ou medicações. Esses valores são baseados na RDA (Recommended Dietary Allowances), um sistema de recomendações nutricionais americano que é revisto periodicamente refletindo os avanços do conhecimento científico. Além de um suplemento multivitamínico não ser um alimento e nem uma medicação, outro problema é que a periodicidade das revisões científicas não ocorre de forma ágil como desejaríamos ou precisaríamos… e a mais recente edição (10a) é do ano de 1989. De lá para cá, muitos estudos quantitativos e qualitativos já evidenciam valores diferentes de alguns nutrientes. Isso posto, os multivitamínicos pré-natais comerciais são fabricados com muitos de seus ingredientes em doses baixas, pois a ANVISA não permite a comercialização de vitaminas e minerais acima da IDR atual. Por exemplo, a IDR da vitamina D é de 200UI, no entanto, sabe-se que a gestante precisa de, pelo menos, 2.000UI; a vitamina C conforme a IDR é 45mg, mas um valor mais benéfico evidenciado é de 300mg/dia.

Formas ativas dos nutrientes

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Os nutrientes contidos em um multivitamínico, dependendo do fabricante, podem se apresentar sob diversas formas, o que muitas vezes pode até confundir o consumidor. Por isso, a importância do conhecimento do profissional de saúde na hora da sua prescrição. Cada paciente é único, com seu histórico e quadro de saúde. E, além dessa unicidade, outro ponto importante a ser considerado é a prescrição das melhores formas ativas dos nutrientes (vitaminas) para uma melhor absorção (biodisponibilidade) e minerais quelados – isto é, envolvidos por aminoácidos, diferentes da forma de óxido de zinco, magnésio e ferro, por exemplo, que não são tão bem absorvidos pelo organismo quanto sob a forma quelada.

 

Zinco

Amigo da Imunidade

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O zinco cumpre um papel importante na formação do feto e no equilíbrio da saúde da mãe. Durante a gestação, existe uma elevada demanda de zinco por parte do bebê, e o risco de déficit para a mãe. A função deste nutriente é regular o desenvolvimento cerebral durante a fase fetal e pós-natal. Melhorar o nível de zinco pode ajudar quanto a uma possível depressão, visto que ele atua como um importante cofator para a síntese de neurotransmissores. De fato, sob condições de grande estresse, o organismo elimina rapidamente o zinco através da urina, suor e saliva – quanto menor o nível de zinco, maior a probabilidade de depressão e vice-versa.

Para o feto, o rápido desenvolvimento cerebral é muito vulnerável à insuficiência nutritiva do zinco e ela pode alterar a regulação autônoma do sistema nervoso e desenvolvimento hipocampal e cerebral.

Outro fator de proteção do zinco acontece diante da possibilidade de infecções virais, bacterianas e fúngicas para o desenvolvimento do bebê. Esse micronutriente é um grande responsável pelo funcionamento do sistema imune – um importante ganho. Para prevenir viroses durante a gestação, talvez devêssemos dosar os níveis séricos de zinco das gestantes e observar se seu sistema imune não está debilitado por essa carência nutricional.

Normalmente, a população apresenta déficit de zinco, mas dentre os grupos de maior preocupação, encontramos as gestantes, lactantes e bebês. Em 2005, o periódico Journal of Trace Elements in Medicine and Biology publicou estudo que observou que, em média, 77% das mães e 3/5 dos bebês recém-nascidos apresentavam deficiência de concentração sérica de zinco (abaixo de 13umol/L).

Parte dessa deficiência pode ser explicada porque algumas pessoas podem apresentar dificuldade de absorção e processamento desse mineral, alguns alimentos também podem intervir na sua absorção, e o bom funcionamento do fígado está intimamente interconectado a esse processo.

Vitamina D

Um pró-hormônio

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A vitamina D não é uma vitamina. Embora denominada como tal, ela é um hormônio esteroide – um pró-hormônio solúvel em gordura que o organismo pode produzir sob circunstâncias ideais. A exposição ao sol (radiação ultravioleta UVB) sem filtro solar durante tempo adequado é o mecanismo principal projetado pelo organismo para a sua produção.

Descobertas recentes e reveladoras demonstraram que todas as células possuem receptores para a vitamina D. Pesquisadores da Universidade de Oxford descobriram 2.776 pontos de ligação com receptores de vitamina D ao longo do genoma. Isso seria como uma chave bioquímica que abre diferentes portas com ampla influência sobre a saúde humana.

É comum nos consultórios, a preocupação com os níveis de glicose da gestante, mas essa preocupação deveria se estender igualmente com os níveis séricos de vitamina D. Um estudo da pediatra e neonatologista americana Carol Wagner, da Universidade da Carolina do Sul, mostrou ainda que a vitamina D reduz em 50% a possibilidade de complicações na gravidez. Ela interfere até no humor.

Na gestação, sua deficiência está relacionada à pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, raquitismo, nascimento prematuro por cesárea, baixo peso ao nascer, gordura corporal na infância tardia, autismo e outras desordens psiquiátricas.

Teoricamente, a população brasileira não deveria apresentar deficiência de vitamina D, afinal o Brasil é um país privilegiado em relação à incidência solar. Mas, é surpreendente notar que mesmo o fator local onde se reside e, portanto, a incidência de sol, pode não atestar a favor da produção de vitamina D, como foi visto por estudo feito com 2.649 mulheres grávidas e 1.802 recém-nascidos da Espanha, Itália, Grécia e Turquia, onde se constatou que sua deficiência ocorria em até 90% das participantes.58 Durante e após a gestação, o conjunto de estilo de vida mais medição dos níveis séricos é o que vai determinar a dose ideal para a mãe, feto e criança.

Os cientistas temem que muitas gestantes acreditam erroneamente que estão recebendo quantidade suficiente de vitamina D a partir de seu suplemento pré-natal. Evidências crescentes revelam que essas mulheres podem precisar tanto quanto 6.000 UI de vitamina D3 por dia, muito acima da recomendação diária, para alcançarem os níveis sanguíneos adequados. A realidade é que as doses da vitamina nos suplementos pré-natais geralmente se apresentam baixas e sua deficiência durante a gestação pode afetar a vida da criança inclusive até vários anos depois de seu nascimento.

 

Colina

Auxiliar do desenvolvimento fetal

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A colina é um nutriente essencial presente em alimentos, como fígado, carnes bovinas, peixes, amendoim e gema de ovos, oferecendo diversos benefícios tanto para danos hepáticos quanto para alterações neurológicas, como depressão, perda de memória, entre outros. Um aumento de sua necessidade aparece durante a gravidez e lactação porque a colina é necessária para a produção da lipoproteína fosfatidilcolina – componente de todas as membranas celulares –, e desempenha um papel central no desenvolvimento cerebral da criança, em especial na área do hipocampo e encéfalo frontal (regulação da memória e atenção), antes e após o nascimento.

Nesse período, o aumento de sua necessidade (450mg/dia) se dá desde que grandes quantidades de colina são transferidas para o feto através da placenta – a concentração do nutriente no líquido amniótico é 10 vezes maior que o presente no sangue da mãe. Durante a amamentação, sua necessidade aumenta ainda mais (550mg/dia). No entanto, dados de avaliação do programa de estudos americano NHANES (2007-2008) mostram que a média de consumo de colina entre as gestantes é de 337mg/dia.

A professora da Divisão de Ciências Nutricionais, Universidade de Cornell, Maurie Caudill, internacionalmente reconhecida por seus estudos sobre folato e colina, estudou os efeitos da suplementação de colina no desenvolvimento fetal e descobriu que o nutriente pode melhorar a maneira como a criança responde ao estresse. As mães que consumiram níveis mais altos de colina mostraram níveis de cortisol reduzidos. O Dr. Robert Freedman, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Colorado, EUA, autor de vários estudos clínicos e neurobiológicos sobre esquizofrenia, participou de estudo sobre os efeitos da suplementação de colina no período perinatal, e relata um melhor funcionamento cognitivo da criança, bem como uma melhor fisiopatologia associada à prevenção do risco de desenvolver, futuramente, esquizofrenia.76,77 Mas devemos lembrar também que baixos níveis de colina são um fator de risco para defeitos do tubo neural, tão importantes quanto o ácido fólico.

Magnésio

Um relaxante natural

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Com a crescente compreensão da importância de uma adequada homeostase de magnésio durante a gravidez, um número cada vez maior de estudos vem concluindo seu uso benéfico para o tratamento ou prevenção de várias condições patológicas como a pré-eclâmpsia, câimbras nas pernas, paralisia cerebral em ocorrência de parto prematuro, diabetes gestacional, hipertensão gestacional e o risco futuro de doença coronária.

Na hora do parto, o magnésio otimiza a pressão sanguínea e aumenta a tolerância à dor. O Dr. Norman Shealy, um dos maiores especialistas no tratamento da dor e fundador do Instituto Shealy, afirma: “Toda doença conhecida está associada a uma deficiência de magnésio. O magnésio é o mineral mais crítico necessário para a estabilidade elétrica de cada célula do corpo. Uma deficiência em magnésio pode ser responsável por mais doenças do que qualquer outro nutriente”.

No Brasil, segundo o IBGE (e outros estudos), os números demonstram um risco de inadequação de seu consumo a partir dos 19 anos de idade – comumente a idade inicial reprodutiva. A necessidade de ingestão de magnésio aumenta no período da gestação e lactação (por volta de 350mg). Como suplemento, o magnésio é associado a outros elementos, e dependendo dessa associação sua biodisponibilidade no organismo será maior ou menor. Atualmente, as formas bisglicinato e malato são consideradas as que provêm a maior biodisponbilidade.

Existem estudos sobre os efeitos positivos do ácido fólico durante a gravidez. Sua maior ingestão nesse período é necessária para a rápida proliferação celular, regulação da expressão genética, metabolismo de aminoácidos e síntese de neurotransmissores.

 

Ácido fólico

A vitamina da preconcepção

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Já na segunda semana de gravidez, quando o bebê mede apenas três milímetros, surge o tubo neural, estrutura embrionária que vai dar origem ao cérebro e à medula espinhal. O ácido fólico (vitamina B9), já bem documentado, ajuda a formar o tubo neural da criança, e é tão importante que os médicos o indicam desde o período periconcepcional para a prevenção dos defeitos de fechamento do mesmo (como spina bífida, hidrocefalia, meningomielocele).

Na natureza, a vitamina B9, pode ser obtida através de alimentos, como folhas verdes, feijão, lentilha, couve¬-flor, beterraba, carnes e arroz integral. Porém, existem organismos que não conseguem transformá-la em sua forma ativa. Esse é um processo bioquímico que acontece no intestino e no fígado, mas diante de alguma disfunção enzimática a conversão do ácido fólico na sua forma ativa 5-MTHF pode não ocorrer. Dados mostram que 20 a 30% da população apresenta uma mutação genética e não produzem doses adequadas de MetilTetraHidroFolatoRedutase (MTHFR), a enzima responsável por transformar ácido fólico na sua forma ativa (Metilfolato). Portanto, recomenda-se a suplementação diária dessas formas mais ativas e biodisponíveis, dependendo das particularidades da saúde da gestante e segundo o médico responsável.

Existem estudos sobre os efeitos positivos do ácido fólico durante a gravidez, e sua maior ingestão nesse período é necessária para a rápida proliferação celular, regulação da expressão genética, metabolismo de aminoácidos e síntese de neurotransmissores. Em 2012, uma revisão sistemática e meta-análise apontou um efeito positivo do ácido fólico sobre o peso do bebê ao nascer, como também um estudo de 2015, publicado em Journal of Obstetrics and Gynaecology, Canadá, afirmou que a suplementação do nutriente deve ser mantida, mesmo por mulheres que apre¬sentam riscos mínimos de defeitos de fechamento do tubo neural durante a gravidez e enquanto durar a lactação para a prevenção de outras anomalias.

Importante para a saúde materna, além de seus benefícios físicos, o ácido fólico pode ajudar na prevenção ou minimização da depressão pós-parto. Outro estudo, dessa vez finlandês, com 2.806 participantes, publicado no Journal of Afective Disorders, constatou que, entre as participantes com maior ingestão do suplemento, o risco de sintomas depressivos melancólicos foi quase 50% menor do que entre aquelas com o menor consumo.

Ferro

Transporte de oxigênio

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A suplementação de ferro está dentre as mais disseminadas pela medicina. Antes mesmo de engravidar, seu corpo precisa de ferro para realizar uma série de funções, como a produção de hemoglobina (proteína do sangue que ajuda a carregar oxigênio para as células do corpo) e a manutenção de um sistema imunológico saudável. Já a anemia por deficiência de ferro materno na gestação é um desafio mundial da saúde, sendo estimado que 41,8% das gestantes são anêmicas.

Quando uma mulher engravida, ela precisa do dobro de ferro em comparação com o período pré-concepcional, e muitas delas já começaram a gravidez com estoques insuficientes. Essa reserva de ferro com certeza fará falta se não suplementada com eficiência. Isso porque a quantidade de sangue aumenta no seu corpo em até 50% durante a gestação, sendo necessária maior produção de hemoglobina para o bebê.

O ferro em maior quantidade também será usado pelo bebê em desenvolvimento e pela placenta, especialmente no segundo e terceiro trimestres.

Com uma alimentação rica em ferro (fígado e carnes, oleaginosas, frutas secas, feijão, lentilha) e seguindo a recomendação do médico responsável pela prescrição de suplementos, a gestante irá manter adequado o nível do mineral, mas faz-se necessário muita atenção, em especial às mulheres veganas e vegetarianas.

 

Vitamina E

Importante antioxidante

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Há oito formas conhecidas de vitamina E –quatro tocoferóis e quatro tocotrienóis. Cada uma delas é responsável por ações específicas no corpo e seus benefícios continuam a ser descobertos. Os tocotrienóis são encontrados, entre outros, no óleo de palma, de coco, cevada e farelo de arroz, enquanto o girassol, amendoim, nozes, gergelim e azeite de oliva contêm tocoferóis. Recomenda-se ingerir um mix de suas formas para que o corpo faça uma administração inteligente.

Durante a gravidez, a vitamina E é um importante antioxidante e ajuda a defender as células. Em uma revisão de múltiplos estudos, publicada em Advances in Nutrition, a investigadora Maret Traber verificou que, mesmo sendo importante durante toda a vida, os níveis elevados de concentração de vitamina E durante o nascimento foram associados com melhor função cognitiva em crianças de 2 anos de idade.

“Muitas pessoas acreditam que a deficiência de vitamina E nunca ocorre. Isso é um engano”, afirmou Traber, professora da Faculdade de Saúde Pública e Ciências Humanas da Universidade do Estado de Oregon, USA, investigadora principal do Instituto Linus Pauling e considerada uma expert sobre a vitamina E. Estudos, como o publicado no conceituado periódico PLoS ONE, 2015, constataram que, entre os que não suplementavam, foi encontrada uma alta prevalência de baixos níveis da vitamina E. Ou seja, a dieta por si só pode não satisfazer a necessidade do corpo.

Alguns dos resultados de uma ingestão inadequada são menos óbvios, tais como o seu impacto sobre o sistema nervoso, o desenvolvimento do cérebro e a resistência geral à infecção. Outros resultados podem se manifestar através de anemia, nanismo, aborto e outras condições patológicas para a mãe e/ou bebê.

Suplementação na gravidez

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Em geral, os efeitos da anemia durante a gestação incluem deficiente ganho de peso, complicações no parto, nascimento prematuro, déficit cognitivo e, em casos mais graves, mortalidade materna.

 

Iodo

Além da tireoide, muito importante para o cérebro

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O iodo é extremamente importante na biossíntese dos hormônios tireoidianos T3 e T4, que desempenham um papel notável no crescimento e desenvolvimento dos órgãos e, principalmente, do cérebro embrionário antes, durante e após a gravidez. A ingestão de iodo nos níveis recomendados ajudará a evitar uma má formação cerebral e preservar a capacidade de aprendizado da criança. Mesmo uma deficiência leve pode prejudicar o desenvolvimento intelectual da criança. Estudos recentes no Reino Unido e Austrália mostraram que o QI é, de fato, reduzido em alguns pontos.

“De acordo com a OMS, toda mulher grávida deve consumir cerca de 250mcg de iodo por dia, e isso deve ser continuado até o término do período da amamentação”, dizem os autores de um estudo publicado no European Journal of Clinical Nutrition. No Brasil, desde o ano passado, definiu-se que todo suplemento vitamínico para gestantes deve conter 150mcg de iodo.

Um estudo, publicado em The Lancet Diabetes & Endocrinology Journal (2015), propõe, inclusive, que a suplementação de iodo seja efetuada mesmo em países que apresentam baixa incidência de sua deficiência, desde que é uma medida preventiva, resultando economia de custos para os sistemas de saúde e sociedade. Ou seja: a prevenção gera uma positiva relação custo-benefício.

Outro ponto a ser levantado, é que por décadas a população tem sido aconselhada a reduzir o consumo de sal, mas quando o sal iodado é evitado, precisa-se cuidar muito para que os níveis de iodo se mantenham saudáveis. Alimentos como frutos do mar, algas comestíveis, laticínios, e algumas verduras, como vagem e agrião, são fonte de iodo. Já uma análise de algumas marcas de sal comercialmente disponíveis nos EUA mostrou que, após a abertura do produto, o iodo pode se perder. Uma vez que o sal fica exposto ao ar, a maior parte do teor de iodo desaparece no prazo de quatro semanas depois – ainda mais depressa em condições de umidade elevada.