O futuro da Cirurgia Plástica – Dra. Patrícia Leite – Cirurgia Plástica e Estética
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O futuro da Cirurgia Plástica

Quando pensamos no futuro da medicina em minha área, cirurgia plástica e estética pensamos em procedimentos estéticos cada vez menos invasivos, os quais requeiram um tempo de recuperação pós procedimento menor.

As pessoas andam super atribuladas, precisam cada vez mais se disponibilizar a um mercado de trabalho cada vez mais exigente e o ponteiro do relógio parece rodar cada mais rápido. A maioria das técnicas cirúrgicas e de procedimentos não cirúrgicos evoluem no sentido de agredir menos os tecidos orgânicos, diminuir o edema pós procedimento, diminuir a intensidade de hematomas e prevenir complicações. A maior preocupação do paciente hoje é a segurança dos procedimentos. E a segunda é a rapidez com que irão se recuperar. Assim, os dados não mentem: nos últimos 15 anos, o aumento da procura por procedimentos cirúrgicos foi de  90%. O aumento da procura por procedimentos estéticos foi de 500%. Assim posso dizer que cada vez mais as grandes intervenções cirúrgicas, que acarretem maior risco de complicações e requeiram um tempo de recuperação mais longo serão substituídos por técnicas minimamente invasivas, que tragam maior previsibilidade de resultados, tenham uma incidência de complicações menor e demandem menos tempo de recuperação.

As células tronco e a terapia celular são um grande avanço e dominarão a cena no futuro da cirurgia plástica e estética facial e corporal. Estudos atuais demonstram resultados animadores em todas as áreas da medicina e na cirurgia plástica há perspectivas para a correção de deformidades congênitas ou adquiridas bem como para os tratamentos estéticos.

Essas poderosas células serão um poderoso instrumento para substituição de tecidos perdidos, envelhecidos, desvitalizados e cujas forças biológicas não mais ajam a favor do pleno funcionamento delas mesmas ou do meio em que estão inseridas. Elas carregam consigo uma característica pluripotente, podendo se transformar no tecido alvo que necessita ser reparado. As descobertas recentes de que tecidos adultos são fonte de células tronco abriu um grande leque de possibilidades, uma vez que elimina problemas relacionados ao uso de células tronco embrionárias. Problemas estes que esbarram em questões políticas, religiosas e éticas alem da difícil questão da rejeição imunológica, que juntas, dificultavam em muito as pesquisas e impossibilitavam seu uso na prática clínica. A partir do momento em que a pele e o tecido adiposo tornaram-se fontes de fácil obtenção dessas células, novas perspectivas foram abertas.

Essa recente descoberta possibilita o aproveitamento da própria gordura retirada das lipoaspirações, que é ate hoje desprezada no lixo hospitalar, como fonte riquíssima dessas células. Já é realidade hoje, o uso das células tronco para o enriquecimento do tecido adiposo a ser enxertado para dar volume à face, glúteos e seios.

A cirurgia mamária também será revolucionada com as células troncos. A pele da mama irradiada, a própria perda de partes da mama ou dela inteira que ocorre nas mastectomias parciais ou radicais poderão ser reconstruídos. Assimetrias mamárias e quaisquer perdas de substância por trauma ou queimadura poderia ser igualmente tratadas.

A cirurgia estética de aumento mamário também experimentaria grande mudança. Hoje usamos as próteses de silicone, talvez no futuro estejamos usando tecido adiposo enriquecido com células tronco e fatores de crescimento específicos.

Estudos recentes afirmam que as células tronco podem substituir de forma adequada o fibroblasto dérmico, célula essencialmente produtora de colágeno. Isto implicaria tanto no tratamento de rugas e cicatrizes diversas, como as de acne, as estrias e as retrateis e atrofias, como também em uma nova abordagem das grandes queimaduras que requeiram substitutos biológicos da pele ou mesmo a recriação da própria pele. Ou seja, toda a engenharia de tecidos seria usada a favor da reparação dérmica – ainda um grande desafio para os tempos atuais, e também da estética – algo que talvez dispense o uso de preenchedores dérmicos, lasers ablativos e até o facelifting!