A rinoplastia é considerada o procedimento cirúrgico mais desafiador da cirurgia plástica mesmo para os cirurgiões mais experientes, sendo não só um desafio técnico, mas também um desafio à sensibilidade estética. Exige do cirurgião a habilidade para perceber as características mais sutis e avaliar a nuances estéticas um tanto relativa e abstrata.
A percepção desses detalhes anatômicos e estéticos, a completa “entrega” à fala e ao desejo do paciente e a “tradução” de todos esses fatores na técnica cirúrgica a ser empregada e na previsibilidade de um bom resultado tanto funcional quanto estético, é a chave para a excelência em rinoplastia.
O nariz é considerado um dos elementos de maior relevância na harmonia facial. Alterações em sua estrutura e formato chamam a atenção, principalmente pelo fato de estar posicionado bem no centro da face. Além disso, por ser mais proeminente que outras estruturas, juntamente com o queixo, ele faz o contorno do perfil. A importância deste elemento estético facial é tão grande que pequenos desvios da linha média, 1 ou 2 mm a mais na abertura das narinas ou uma ponta levemente mais larga ou angulada para cima ou para baixo podem ser decisivos para a rotulação de uma face bela como um todo, ou não.
A cirurgia do nariz visa adequar alterações funcionais e/ ou estética à função respiratória normal e/ou ao padrão estético pretendido. Digo pretendido porque o conceito de estética é relativo. Existe um padrão considerado adequado pela maioria, mas que nem sempre é eleito o mais bonito para determinada pessoa. Para Gisele Bündchen, por exemplo, um nariz de dorso mais largo e ponta mais caída foi elemento essencial para conferir-lhe o titulo de top model número um do mundo. Talvez sem a nuance “exótica”, “diferente”, “marcante” e “forte” de seu nariz, sua face não seria considerada tão única.
A rinoplastia tem sido aprimorada ao longo do tempo, através da criação de técnicas por autores e precursores da cirurgia nasal. Vale ressaltar que as estruturas anatômicas no nariz são delicadas, dispõe-se de forma peculiar, são frágeis e proeminentes. Além disso, é um tecido vivo, que responde ao manuseio cirúrgico. Não se trata apenas de cortar, dar ponto, diminuir, trata-se de manipular tais estruturas de forma racional e artística, considerando sua delicadeza, sua nobreza do ponto de vista funcional, sua sutileza enquanto elemento estético ímpar e sua resposta biológica em longo prazo.
São muitas as técnicas descritas desde os primórdios até o momento atual. Basicamente, o conceito “redutor” ou “rinoplastia redutora” foi aprimorado pelo conceito “estruturado”. O objetivo deixou de ser somente reduzir um nariz grande e passou a ser o de esculpir as estruturas com enxertos e pontos especiais nas cartilagens e com fraturas de partes ósseas.
Há várias classificações ou subdivisões da rinoplastia. Duas, entretanto são as mais básicas: aberta ou fechada, e redutora ou estruturada. Na rinoplastia aberta, as incisões ou cortes são realizados pelo lado de fora do nariz. Através desses cortes toda a “pele” do nariz é levantada e as estruturas cartilaginosas e ósseas são expostas para que o cirurgião possa atuar sobre elas. A vantagem dessa técnica é a relativa “facilidade” na visualização das estruturas, e as desvantagens são as forças cicatriciais externas em longo prazo e o maior risco de comprometimento vascular. Na rinoplastia fechada, os cortes são realizados por dentro da mucosa das narinas. Esse tipo de abordagem é mais difícil tecnicamente, mais trabalhoso, e exige sem dúvida uma destreza mais apurada do cirurgião. Essa técnica tem a desvantagem da dificuldade do acesso às estruturas, mas a vantagem de deixar a ponta mais “livre” a longo prazo e de não haver cicatrizes externas.
Uma outra subdivisão é a redutora e a estruturada. Na primeira, as estruturas nasais são reduzidas em seu tamanho não havendo grande preocupação com a “estrutura” nasal como um todo. Na estruturada existe uma preocupação maior em preservar estruturas nasais e acrescentar a elas enxertos de cartilagens, principalmente, para se obter maior sustentação de ponta, melhor projeção do dorso e maior estruturação das narinas. Tal estruturação, além de melhorar a função respiratória, visa alcançar um nariz mais “montado”, mais forte e com uma ponta mais definida.
Antes da chegada ao bloco cirúrgico, um planejamento meticuloso da cirurgia, do formato que se pretende alcançar e de todos os pontos a serem trabalhados se fazem necessários. Para tanto, é possível o uso de instrumentos computadorizados que permitem aferir com maior precisão formatos e ângulos que se pretende atingir durante a cirurgia.
Posso dizer que o princípio básico e primordial da rinoplastia moderna é a obtenção de um nariz primeiramente funcional (que permita a função respiratória normal) e que esteja dentro de um contexto estético coerente com o restante da face.
Adequar o formato do nariz à face respeitando características étnicas individuais e personalizando a cirurgia, passou a ser mais importante que conseguir um nariz fino, pequeno e arrebitado. Em geral, narizes um pouco maiores, com dorso mais reto e ponta harmônica são os mais solicitados hoje, para ambos os sexos.